Dendrexetastes rufigula paraensis Lorenz, 1895

Notas taxonômicas

Com base em caracteres de plumagem, esta subespécie parece ser mais próxima da forma nominal que ocorre ao norte do rio Amazonas do que de D. r. moniliger, subespécie que ocorre também a sul do Amazonas, mas a oeste do rio Tocantins (A. Aleixo - resultados não publicados). Provavelmente, será elevada a categoria de espécie plena.

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Categoria para a avaliação do táxon no Brasil

Em Perigo (EN)

Critério para a avaliação do táxon no Brasil

Em Perigo (EN) A4c

Justificativa para critério e avaliação

Dendrexetastes rufigula paraensis é endêmica do Brasil, restrita ao Centro de Endemismo Belém, a região que sofreu a maior pressão de desmatamento da Amazônia. Este táxon perdeu 70% de sua área original. Infere-se que esta perda de área natural em sua distribuição reflita em declínio populacional, tendo em vista a raridade de registros deste táxon nos últimos 60 anos, a despeito de buscas exaustivas. Naturalmente raro, é dependente de mata primária, mas tolerante a certo grau de degradação, como corte seletivo e queimadas. A distribuição é fragmentada dentro de sua extensão de ocorrência, mas não se conhecem os motivos que determinam sua presença ou ausência. Suspeita-se de declínio populacional maior que 50% quando se considera passado e futuro, em um período de três gerações. Desta forma, D. r. paraensis foi categorizada como Em Perigo (EN) A4c.

Histórico das avaliações nacionais anteriores

Em Perigo (EN) A4c (Aleixo 2008g).

Justificativa para a mudança

Não se aplica

Nenhuma vocalização encontrada!

Distribuição geográfica

Endêmico do Brasil, restringe-se ao Centro de Endemismo Belém (da margem leste do rio Tocantins à Amazônia maranhense) e todos os registros provêm de um raio de 300km a partir de Belém. O Centro de Endemismo Belém tem uma área total de 199.211km², mas já perdeu cerca de 70% de sua cobertura vegetal original (Silva et al. 2005, Soares-Filho et al. 2006). A distribuição é fragmentada dentro de sua extensão de ocorrência, mas não se conhecem os motivos que determinam sua presença ou ausência.

Ocorrências em UC

Registros de Ocorrências

Recuperações no SNA Net (0)
Empreendimentos (0)
Observação Pessoal (0)
Foto (0)
Vocalizações (0)

Mapa

Legenda:
Registros de Vocalizações Registros de Fotos Registros em Publicações
Registros em Coleções Registros em Empreendimentos Registros de Observação Pessoal

População

Este táxon aparentemente não foi registrado entre 1959 e 2005, quando foi encontrado por S.M. Dantas na margem leste do rio Tocantins, em Tucuruí (Aleixo 2008g, Portes et al. 2011). Os registros nos últimos 60 anos são muito raros, a despeito de buscas exaustivas.

Não há dados disponíveis sobre o tamanho da população (atual ou anterior), mas é possível inferir um declínio histórico substancial devido à perda de habitat (Silva et al. 2005, Soares-Filho et al. 2006).

Informações sobre o registro ARA-FOT-

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  • Sexo
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Habitat, ecologia e história natural

Dendrexetastes rufigula paraensis ocorre em florestas de terra firme ou sazonalmente alagadas, em vários estágios de sucessão, preferindo, no entanto, florestas em estágio sucessional mediano, próximas à água (Aleixo 2008g). Não há observações de campo publicadas sobre a ecologia desta subespécie, mas outros táxons de Dendrexetastes forrageiam predominantemente em material vegetal seco, como folhas mortas de palmeiras, preferencialmente no estrato superior da floresta (Rosenberg 1997, Marantz et al. 2003). Esta espécie é seguidora ocasional de bandos mistos (Munn & Terborgh 1979). Obtém alimentos predominantemente recolhendo e sondando artrópodes com o bico em aglomerados de vegetação. As presas são predominantemente grandes, principalmente Coleoptera e Orthoptera. Nidifica em ocos naturais durante a estação seca (forma nominal) e a postura varia entre dois e três ovos brancos (Marantz et al. 2003). Esta espécie foi registrada usando caixas de ninhos artificiais no Peru (Brightsmith 2005).

Um levantamento de cinco meses no município de Paragominas, Pará, entre agosto de 2010 e maio 2011, registrou este táxon em cinco microbacias diferentes, mas somente em um total de oito pontos de escuta (alguns destes registros sonoros estão depositados em http://www.xeno-canto.org, sob os números XC84062, XC84220 e XC79487 - Lees et al. 2012). Todos os contatos foram obtidos em floresta primária (intacta ou explorada por corte seletivo), não tendo a espécie nunca sido registrada em muitos fragmentos florestais de boa qualidade amostrados, sugerindo uma distribuição irregular e muito localizada dentro da paisagem, uma característica da história de vida que pode predispor este táxon à extinção local ou mesmo global (Lees et al. – resultados não publicados). A espécie não foi encontrada durante inventários prolongados no Salgado Paraense (Lees et al. 2014) ou na região do Moju-Tailândia (Lees et al. 2015).

Ameaças

A perda e degradação de habitat é a principal ameaça à espécie.

Pesquisas existentes e necessárias

Além do trabalho que descreve a subespécie e de alguns inventários que registraram este táxon, praticamente não há estudos publicados sobre este arapaçu. As subespécies de Dendrexetastes são difíceis de serem amostradas em levantamentos quantitativos, uma vez que forrageiam acima da altura das redes de neblina e são, na maior parte das vezes, incomuns e com distribuição bem localizada, mesmo no centro de suas distribuições (Marantz et al. 2003).

Recomenda-se a busca sistemática pela subespécie ao longo da bacia dos rios Capim / Guamá, que parecem ser o centro histórico de sua distribuição no leste do Pará. Também é importante dar início a um estudo taxonômico sobre a validade do táxon D. r. paraensis e seu grau de independência evolutiva em relação às demais subespécies de Dendrexetastes.

Ações de conservação

É necessária a criação de mais unidades de conservação na região de distribuição da subespécie e proteção das unidades já existentes. Para permitir a sobrevivência deste táxon e de outros será fundamental garantir, nas paisagens produtivas, a manutenção da conectividade estrutural e funcional entre os fragmentos florestais existentes. Isso só pode ser alcançado através de procedimentos eficazes de comando e controle, significando que proprietários privados devem cumprir suas obrigações legais nas Áreas de Preservação Permanente e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (Lees & Peres 2008a).

Dendrexetastes rufigula paraensis está contemplada no Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves da Amazônia, cujos objetivos principais são: reduzir a perda e degradação de habitat e o declínio populacional das espécies-alvo (ICMBio 2015a).