Dendrocincla merula badia Zimmer, 1934

Notas taxonômicas

A subespécie Dendrocincla merula badia abrange a população de D. merula (Lichtenstein, 1820) restrita ao Centro de Endemismo (CE) Belém, entre a margem leste do rio Tocantins e o Maranhão. Estudos moleculares revelaram que essa população é reciprocamente monofilética em relação às demais de D. merula, justificando seu tratamento no mínimo como espécie filogenética independente ou unidade evolutiva significativa de importância para a conservação (Burlamaqui et al. 2008; Burlamaqui et al., dados não publicados).

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Categoria para a avaliação do táxon no Brasil

Vulnerável (VU)

Critério para a avaliação do táxon no Brasil

Vulnerável (VU) A2c

Justificativa para critério e avaliação

Dendrocincla merula badia ocorre entre a margem leste do rio Tocantins e o Maranhão. A subespécie se restringe ao centro de endemismo Belém, o menor dos Centros de Endemismo amazônicos, e que já perdeu 70% de sua cobertura vegetal original. Estima-se que perdeu cerca de 30% de sua população dentro de um intervalo de três gerações (15 anos), decorrente da perda de habitat, da dependência de florestas e de formigas de correição, que necessitam de grandes áreas. Desta forma, D. merula badia foi categorizada como Vulnerável (VU) A2c.

Histórico das avaliações nacionais anteriores

Em Perigo (EN) A4c

Justificativa para a mudança

Novas ou melhores informações disponíveis

Nenhuma vocalização encontrada!

Distribuição geográfica

Essa subespécie é endêmica do Centro de Endemismo Belém, entre a margem leste do rio Tocantins e o Maranhão. O CE Belém tem uma área total de 199.211 km², mas já perdeu cerca de 70% de sua cobertura vegetal original (Silva et al. 2005). Em levantamentos recentes no Pará, o táxon foi encontrado em apenas quatro localidades (todas com áreas de floresta em bom estado de conservação e relativamente contínuas) de um total de nove sítios amostrados no Centro Belém (Portes et al. 2011). Um estudo na região de Paragominas-PA com um esforço de amostragem de 115 dias em florestas primárias e secundárias (entre julho a novembro de 2010), obteve apenas seis contatos com esta espécie, unicamente em florestas primárias (incluindo florestas primarias degradadas; Lees et al. 2012). No entanto, a baixa detectabilidade vocal deste táxon pode fazer com que ele seja sub-amostrado por levantamentos baseados em pontos de escuta. Aparentemente, foi extinta na região de Tucuruí, onde era encontrada na década de 1980 (S. M. Dantas dados não publicados). O status das populações maranhenses é desconhecido (Aleixo 2008). Na Reserva Biológica do Gurupi foi capturado e anilhado em floresta primária (Lima & Raíces 2012; Lima et al. 2014).

Ocorrências em UC

Registros de Ocorrências

Recuperações no SNA Net (0)
Empreendimentos (0)
Observação Pessoal (0)
Foto (1)
Vocalizações (0)

Mapa

Legenda:
Registros de Vocalizações Registros de Fotos Registros em Publicações
Registros em Coleções Registros em Empreendimentos Registros de Observação Pessoal

População

O tamanho populacional não é quantificado. A espécie D. merula é considerada incomum de um modo geral (Stotz et al. 1996), mas pode ser comum em algumas áreas da Amazônia (Dantas et al. 2011). Dendrocincla merula badia era rara no município de Belém já na década de 1960 (Novaes 1970).

Informações sobre o registro ARA-FOT-

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Habitat, ecologia e história natural

Habita matas de terra firme e ripárias, normalmente no interior da mata primária com sub-bosque aberto. Em Manaus, D. merula prefere habitats florestais com menor abundância de árvores e mais sombreadas (Cintra et al. 2006). É encontrado aos casais ou em pequenos bandos, e é um seguidor obrigatório de formigas de correição (Eciton burchelli e Labidus praedator), dependendo dessas para encontrar alimento, que consiste em artrópodos, e ocasionalmente pequenos vertebrados. Também segue porcos-do-mato, capturando as presas afugentadas pelos bandos. Sua dieta consiste de artrópodes (destaque para besouros e himenópteros) e, em menor escala, de pequenos vertebrados. Os indivíduos se movimentam bastante, procurando colunas ativas de formigas de correição, podendo se deslocar vários quilômetros por dia. O período reprodutivo estende-se, provavelmente, de junho a outubro. Ninhos e ovos são desconhecidos (Aleixo 2008).

Ameaças

A principal ameaça a essa forma é a perda, fragmentação e degradação de habitat, devido ao acelerado desmatamento ocorrente no Centro de Endemismo Belém. Em outras localidades da Amazônia, D. merula também é vulnerável aos efeitos do corte seletivo em florestas (Henriques et al. 2008), e ao fogo (Barlow et al. 2002).

Pesquisas existentes e necessárias

É preciso realizar censos para localizar mais sítios de ocorrência de D. m. badia, bem como para se ter uma estimativa de seu tamanho populacional.

Ações de conservação

Proteção de áreas com presença de formigas de correição, uma vez que esta espécie acompanha estes eventos. Criação de unidades de conservação no Centro de Endemismo Belém, que incluam o habitat do táxon (florestas de terra firme e ripárias).