Monotípica (Collar 1997).
Vulnerável (VU)
A4cd; C1
Guaruba guarouba é endêmica da Amazônia brasileira, com ocorrência limitada ao sul do rio Amazonas e leste do rio Madeira. Sua extensão de ocorrência foi reduzida em cerca de 30% nos últimos 30 anos e pode ser reduzida em mais projetados 20-30% nos próximos 50 anos. Isso representa declínios passados e futuros no tamanho estimado da população madura (atualmente cerca 10.000 indivíduos) na mesma proporção, incluindo um impacto da retirada de indivíduos da natureza para o tráfico ilegal. Por estas razões, a espécie foi categorizada como Vulnerável (VU) A4cd; C1.
Vulnerável (VU) A2cd (Silveira 2008).
Não se aplica
> | Tipo de registro | Sexo | Idade | U.F. | Cidade | Em U.C? | Data do registro |
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> | Tipo de registro | Sexo | Idade | U.F. | Cidade | Em U.C? | Data do registro |
canto primário | Indeterminado | Adulto | MA | Bom Jardim | - | 10/11/2017 |
Endêmica da Amazônia brasileira, com ocorrência limitada ao sul do rio Amazonas e leste do rio Madeira, na borda do Planalto Central (Laranjeiras & Cohn-Haft 2009). No norte do Mato Grosso, a espécie foi registrada em uma oportunidade (sem documentação) no inicio da década de 1990 (Lo 1995). A extensão de ocorrência total engloba não mais do que 300 mil km² e sua ocorrência dentro dessa área é razoavelmente desconectada (Laranjeiras & Conh-Haft 2009).
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O tamanho da população da ararajuba já foi estimado em menos de 2.500 indivíduos (BirdLife International 2012). No entanto, recentes observações indicam a existência de aproximadamente 10.000 indivíduos, em 60 localidades de ocorrência e em uma área com habitat disponível de 174 mil km2 (Laranjeiras & Cohn-Haft 2009; Laranjeiras 2011). Na rodovia Transamazônica, ao longo do rio Tapajós (Pará), a população mínima é de quase 500 indivíduos (Laranjeiras 2011).
Ocorre em matas de terra firme, em paisagens de relevo ondulado nas terras baixas (<300m) da bacia Amazônica (Sick 1997), mas bandos têm sido registrados em florestas secundárias e florestas de igapó, utilizadas para alimentação (Kyle 2005, Valente 2006, Laranjeiras 2008a). A maioria dos dormitórios e sítios reprodutivos conhecidos têm sido encontrados em áreas alteradas, com diversas árvores secas ou mortas, adjacentes à floresta continua ou a grandes manchas de floresta. Para pernoitar e nidificar, as ararajubas parecem preferir as árvores isoladas nessas áreas, provavelmente para evitar predadores terrestres e arbóreos (tais como serpentes e macacos). Em uma escala mais ampla, a espécie parece evitar áreas mais úmidas da Amazônia Central e áreas mais ao sul onde a temperatura pode cair em determinadas épocas (Laranjeiras & Cohn-Haft 2009).
As ararajubas são extremamente sociais, vivendo em bando de 4 a 20 indivíduos. O tamanho médio dos bandos, 10 indivíduos, é um dos maiores entre os psitacídeos neotropicais. Em sítios alimentares, as ararajubas podem formar bandos de até 50 indivíduos e a quantidade de indivíduos nos dormitórios (cavidade de árvores) é limitada a menos de 20 indivíduos (Laranjeiras 2011).
A espécie permanece em grandes bandos durante todo o período reprodutivo, o que tem sido relacionado com a presença de múltiplos pares reproduzindo comunalmente, ajudantes reprodutivos (Oren e Novaes 1986) ou jovens de diferentes gerações de um único casal líder (Reynolds 2003). Paternidade extra-par já foi registrada em cativeiro (Albertani et al 1997). A maturidade sexual é alcançada somente após completar três anos e as primeiras ninhadas férteis após 5-6 anos (Reynolds 2003).
A distribuição geográfica da espécie coincide com o arco do desmatamento e desse modo foi reduzida em aproximadamente 30% ao longo das últimas décadas (Laranjeiras & Conh-Haft 2009) e projeta-se uma perda de mais 20 a 30% nos próximos 50 anos (Bird et al. 2012). Embora a espécie possa tolerar certos distúrbios na floresta, as ararajubas estão ausentes em áreas com desflorestamento avançado e os bandos desaparecem sazonalmente em áreas fragmentadas, provavelmente em busca de alimento, indicando necessidade de florestas primárias (Laranjeiras 2011).
No leste do Pará, a espécie é frequentemente capturada e indivíduos são mantidos localmente como animais de estimação ou vendidos para o tráfico ilegal para revenda em cidades maiores (Kyle 2005, Silveira & Belmonte 2005). A captura é relativamente fácil e pode ser potencializada nas regiões com paisagem fragmentada, por causa da aparente preferência da espécie em nidificar em árvores isoladas em pastagens recém-formadas. Árvores isoladas são atrativas para bandos da espécie, devido à aparente proteção contra predadores florestais, mas, contudo, esses ninhos são mais fáceis de serem encontrados por traficantes (Laranjeiras 2011). As ararajubas ainda são frequentes em apreensões por agências governamentais em todo o país, mas, felizmente, não há evidencias recentes de tráfico internacional (Silveira & Belmonte 2005). No oeste do Pará, eventos e evidências de captura estão aumentando a cada dia (Laranjeiras 2008b). Localmente, a espécie tem sofrido pela caça e perseguição pelas populações indígenas ou fazendeiros (Laranjeiras 2008, BirdLife International 2012).
As primeiras informações sobre a biologia da espécie vieram de observações gerais no estado do Pará no fim da década de 1970 (Oren & Novaes 1986, Sick 1997). Na década de 1980 e 1990, a espécie teve sua distribuição geográfica ampliada por registros isolados (Yamashita & França 1991, Lo 1995), mas somente nos últimos anos a espécie foi mais intensamente pesquisada (Reynolds 2003, Kyle 2005, Laranjeiras 2008a, Laranjeiras & Cohn-Haft 2009 e Laranjeiras 2011).
As pesquisas existentes abordaram principalmente informações básicas sobre distribuição geográfica, tamanho dos bandos, itens alimentares, sítios reprodutivos e comportamento, com um aprofundamento nesses aspectos nos últimos anos. De modo geral, pesquisa envolvendo aspectos da existência de populações desconhecidas, do tamanho da população global, da biologia reprodutiva e da vulnerabilidade a alteração ambiental são necessárias (Laranjeiras 2011).
A busca por populações da ararajuba na porção oeste de sua distribuição (sudoeste do Pará e sudeste do Amazonas) é necessária (Laranjeiras & Cohn-Haft 2009, Laranjeiras 2011). A modelagem da distribuição indicou habitat adequado nesta região, onde moradores sugeriram a presença da ararajuba, mas inventários ainda não registraram a espécie (Laranjeiras & Cohn-Haft 2009).
Guaruba guarouba está contemplada no Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves da Amazônia (ICMBio 2012) e no Plano de Ação para Conservação das Espécies Endêmicas Ameaçadas de Extinção da Fauna da Região do Baixo e Médio Xingu (ICMBio 2011).