Monotípica (Züchner 1999).
Vulnerável (VU)
A3c
Lophornis gouldii ocorre no centro-norte do Brasil e leste da Bolívia. Parece ser rara e necessitar de habitat em condição primária. Sua distribuição geográfica coincide aproximadamente com a do Arco de Desmatamento, de modo que a espécie tem perdido expressiva parcela de seu habitat devido às altas taxas de desmatamento, situação bem ilustrada no sudeste do Pará e ao longo da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém). Em função das taxas de desmatamento e da drástica e redução de habitat disponível para L. gouldii nas próximas décadas, resultados de modelagem revelaram uma perda populacional de 41 a 48% em um período de três gerações futuras. Além da conversão de áreas nativas de florestas e cerrados em pastagens e campos agrícolas, as construções de hidrelétricas representam uma ameaça iminente à espécie. A detecção deste beija-flor ao longo das matas ciliares e varjões do rio Tocantins, em território tocantinense, já demonstra expressiva redução populacional devido às hidrelétricas já estabelecidas, condição igualmente prevista para os rios Araguaia, Xingu e Tapajós, rios onde está planejada a construção de inúmeras hidrelétricas. Por estas razões, L. gouldii foi categorizada como Vulnerável (VU) A3c.
Não avaliado anteriormente para o Brasil.
Não se aplica
Ocorre ao longo da Amazônia centro-oriental, desde o Maranhão, Pará e Mato Grosso, alcançando o leste da Bolívia. No Cerrado, ocorre nas regiões limítrofes com leste amazônico, ao longo dos estados de Tocantins e Mato Grosso (Sick 1997, Züchner 1999, Grantsau 2010).
Registros recentes de Santos et al. (2011) reforçam a presença da espécie para a mesma região no sudoeste do Pará. No centro de endemismo Belém, a espécie possui registros históricos para matas de igapó na grande Belém (Novaes & Lima 2009) e registros recentes para as matas primárias do rio Capim (Portes et al. 2011), sendo também reconhecida na Amazônia maranhense (Oren & Roma 2011). Ainda no Pará, a presença de L. gouldii é conferida para região da Serra dos Carajás (Pacheco et al. 2007) e Fazenda Fartura, extremo sudeste paraense (Somenzari et al. 2011).
No estado do Tocantins, há registros de L. gouldii associado às florestas ombrófilas do extremo norte do estado (Hellmayr 1929, Olmos et al. 2004). Para o oeste do estado, é conhecida a coleta de espécime testemunho para a Ilha do Bananal (MZUSP 70517) além do registro para ambientes florestais da APA Bananal-Cantão (Pinheiro & Dornas 2009). Nas bordas de mata ciliar e de galeria inseridas nos varjões inundáveis do rio Tocantins são conhecidos registros nas regiões de Palmas (Bagno & Abreu 2001) e Peixe (Leite 2009), onde somente fêmeas foram avistadas.
No Mato Grosso a espécie possui registros confirmados na região da Chapada dos Guimarães (Lopes et al. 2009) enquanto para o Pantanal os registros conhecidos são considerados incertos (Tubelis & Tomas 2003).
Registros de Vocalizações
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Registros de Fotos
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Registros em Publicações
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Registros em Coleções
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Registros em Empreendimentos
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Registros de Observação Pessoal
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Para a Serra do Cachimbo, sudoeste do Pará, Pacheco & Olmos (2005) estimaram entre 9 e 14 indivíduos para 100 horas de observação ao longo de campinaras e matas serranas da região. No estado do Tocantins, foram detectados seis indivíduos em um fragmento de floresta ombrófila (Olmos et al. 2004).
Modelagens feitas para a Amazônia projetam uma perda de habitat para esta espécie entre 41 e 48% em três gerações futuras (Bird et al. 2012).
Aparentemente, o habitat principal da espécie são bordas de matas e cerradão (Sick 1997, Sigrist 2006, Gwynne et al. 2009). Na Serra do Cachimbo, está associada tanto a florestas serranas e ombrófilas quanto a campinaranas (Pacheco & Olmos 2005, Santos et al. 2011). No rio Capim, Pará, sua ocorrência foi assinalada em fragmentos florestais de vegetação primária (Porte et al. 2011).
A presença deste beija-flor na Ilha do Bananal e no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães também reforça a relação de L. gouldii com habitats íntegros. Ao sul do Tocantins (Crozariol & Leite 2010) e leste-sul do Mato Grosso (Lopes et al. 2009), a espécie é simpátrica a L. magnificus.
O somatório de registros de L. gouldii em localidades que guardam uma vegetação íntegra talvez seja suficiente para indicar que a definição desta espécie como pouco sensível a alterações ambientais (Stotz et al. 1996) não seja procedente.
O período de reprodução de L. gouldii é marcado entre dezembro e fevereiro, com incubação dos ovos ocorrendo em 14 dias e permanência no ninho de 22 dias (Grantsau 1988). O ninho teria formato de tigela, confeccionado de paina escura com a superfície externa coberta por líquens e teias de aranhas sobre galhos finos de árvores (Pinto 1953 citado em Novaes & Lima 2009). Os machos são poligâmicos e cortejam a fêmea por meio de exibições em rodopios e eriçando sua crista e tufos do pescoço, no intuito de exibirem sua plumagem de forma mais reluzente possível (Sick 1997, Züchner 1999). O bater das asas ultrapassam 50 vibrações por segundo, gerando um zumbido semelhante ao de insetos (Sick 1997). A fêmeas de Lophornis são mimetizadas por mariposas do gênero Aellopus, chegando ao ponto de A. fadus apresentar uma faixa branca sobre o abdômen, idêntica àquela existente no região uropigiana da fêmea de L. gouldii (Sick 1997).
Não são conhecidas pesquisas específicas sobre o táxon no Brasil.
Lophornis gouldii está contemplada no Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves da Amazônia, cujos objetivos principais são: reduzir a perda e degradação de habitat e o declínio populacional das espécies-alvo até 2018 (ICMBio 2012).