Phlegopsis nigromaculata paraensis Hellmayr, 1904

Notas taxonômicas

Phlegopsis nigromaculata paraensis é uma futura candidata a ser elevada a espécie plena, com base nas diferenças morfológicas e genéticas com as demais subespécies de P. nigromaculata.

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Categoria para a avaliação do táxon no Brasil

Vulnerável (VU)

Critério para a avaliação do táxon no Brasil

Vulnerável (VU) C1

Justificativa para critério e avaliação

Phlegopsis nigromaculata paraensis é endêmica do Brasil, ocorrendo a sul do rio Amazonas, do leste do Pará (margem leste do rio Tocantins) ao oeste amazônico do Maranhão. Tem tamanho populacional pequeno, com cerca de 3.000 indivíduos maduros. A subespécie sofreu perda de habitat de cerca de 70% em relação à sua distribuição original. É restrita a grandes áreas de floresta, mas também já foi registrada em mata secundária e em matas que sofreram corte seletivo. Suspeita-se de declínio populacional continuado, podendo atingir 10% em três gerações (15 anos). Por estas razões, P. n. paraensis foi categorizada como Vulnerável (VU) C1.

Histórico das avaliações nacionais anteriores

Em Perigo (EN) A4c;B1ab(i) (Aleixo 2008b).

Justificativa para a mudança

Novas ou melhores informações disponíveis

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Distribuição geográfica

É endêmica do Brasil, estando restrita ao Centro de Endemismo Belém, ocorrendo a sul do rio Amazonas, do leste do Pará (margem leste do rio Tocantins) ao oeste do Maranhão (Aleixo 2008b, Lima et al. 2014).

Ocorrências em UC

Registros de Ocorrências

Recuperações no SNA Net (0)
Empreendimentos (0)
Observação Pessoal (0)
Foto (0)
Vocalizações (0)

Mapa

Legenda:
Registros de Vocalizações Registros de Fotos Registros em Publicações
Registros em Coleções Registros em Empreendimentos Registros de Observação Pessoal

População

suspeita-se que o tamanho populacional seja pequeno, com cerca de 3.000 indivíduos maduros. Com base na substancial perda histórica de habitat (restam apenas cerca de 30% da cobertura florestal original dentro de sua área de distribuição - Silva et al. 2005, Soares-Filho et al. 2006), suspeita-se que haja declínio populacional continuado de ao menos 10% em três gerações.

Informações sobre o registro ARA-FOT-

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Habitat, ecologia e história natural

Restrita ao sub-bosque de floresta primária de terra firme, florestas secundárias antigas e de várzea, abaixo de 400m (Sick 1997). Todas as subespécies de Phlegopsis nigromaculata são seguidoras obrigatórias de formigas de correição, principalmente da espécies Eciton burchelli, porém, ocasionalmente, Eciton rapax e Labidus praedator (Willis 1979b). Forrageia solitária, aos casais ou em grupos familiares, associada a colunas de formigas de correição, percorrendo grandes distâncias em busca de colônias ativas (Willis 1979b, Zimmer & Isler 2003). Quando está seguindo formigas de correição fica a maior parte do tempo entre 0,1 e 0,5m das formigas; geralmente usam pousos finos verticais ou galhos caídos mais ou menos horizontais, a pouca altura do solo (Willis 1979b). Quando seguem uma correição, existe uma forte hierarquia em relação ao domínio dos melhores locais para a captura de presas espantadas pelas formigas e Phlegopsis exerce grande dominância em relação a outras espécies associadas (Willis 1979b). Um ninho foi descoberto em uma floresta de inundação estacional no mês de junho, na Colômbia, colocado a 1m do solo, dentro de uma madeira apodrecida, a 10cm de profundidade, próximo a um pequeno córrego (Cadena et al. 2000).

O táxon era escasso no mosaico de paisagem de Paragominas, com registro em seis das dezoito microbacias, em florestas primárias e secundárias (Lees et al. 2012). Portes et al. (2011) encontraram o táxon apenas em fragmentos florestais remanescentes com alta qualidade. Essa subespécie foi encontrada persistindo em uma floresta secundária antiga na área rural do município de Vigia, Pará, onde muitas outras espécies da família Thamnophilidae tornaram-se localmente extintas (A.C. Lees & N.G. Moura – resultados não publicados). O táxon também persiste em paisagens florestais fragmentadas próximas à cidade de Belém (Aleixo 2008b).

Outras subespécies de P. nigromaculata mostraram padrões similares na resposta à perda e degradação florestal e uma investigação genética da espécie nos dois lados do rio Teles Pires em Alta Floresta, Mato Grosso, revelou que não há divergência aparente na sequência genética em ambos os lados (que possui 200-700m de largura) sugerindo periódicos eventos de dispersão através do rio (Bates et al. 2004) e, portanto, por inferência, a capacidade de fazer eventos ocasionais de dispersão de longa distância em paisagens hostis. Também foi observada quatro vezes cruzando descontinuidades do dossel estreitos, da largura de estradas não pavimentadas (Lees & Peres 2009); outros membros da família, também seguidores de formigas de correição, realizam movimentos extensivos em áreas de floresta contínua (e.g. Van Houtan et al. 2007).

Ameaças

A maior ameaça ao táxon é a perda e fragmentação de seu habitat preferencial, a floresta primária de terra firme, um resultado da sua dependência de formigas que necessitam de contínuas áreas florestais para evitar a diminuição local de suas presas (Lees & Peres 2008a, 2010).

Pesquisas existentes e necessárias

a história natural da espécie como um todo tem sido objeto de vários estudos (e.g. Willis 1979b); também há estudos que têm investigado a resposta da espécie à perda e degradação de habitat como parte de comunidade de aves (e.g Lees & Peres 2008a, Henriques et al. 2008). Porém, não há estudos específicos sobre essa espécie para explorar seu comportamento em habitats fragmentados, o que deveria ser objetivo para pesquisas futuras.

Ações de conservação

A manutenção de grandes áreas de proteção, que possibilitaria a preservação de Eciton burchelli, espécie de formiga de correição, além de paisagens de produção com extensiva cobertura de floresta primária e alta conectividade entre as paisagens serão críticos para a sobrevivência da espécie em longo prazo.

Phlegopsis nigromaculata paraensis está contemplada no Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves da Amazônia, cujos objetivos principais são: reduzir a perda e degradação de habitat e o declínio populacional das espécies-alvo (ICMBio 2015a).